Reconhecimento

Sindojus presta homenagem aos Oficiais de Justiça aposentados

Depois de uma vida inteira dedicada ao trabalho, à sociedade e à justiça fica a certeza do dever cumprido. É esse o sentimento dos 119 oficiais e oficialas de Justiça aposentados

24/01/2021
Ilustração: Sindojus Ceará

Depois de uma vida inteira dedicada ao trabalho, à sociedade e à justiça fica a certeza do dever cumprido. É esse o sentimento dos 119 oficiais e oficialas de Justiça aposentados. Neste domingo (24), quando é celebrado o Dia Nacional do Aposentado, o Sindicato dos Oficiais de Justiça do Ceará (Sindojus-CE) lembra com carinho daqueles que, com muita dedicação e luta, contribuíram para que os Oficiais de Justiça do Ceará se tornassem uma categoria forte e respeitada.

“A história de cada Oficial de Justiça daria um livro e, se juntasse todos ‘causos’ da categoria, esse livro seria do tamanho do Brasil. A gente passa por muitas situações adversas, mas muitas vezes também tem oportunidade de ajudar as pessoas”, destaca Rita de Cássia Camurça Xavier. No próximo mês de fevereiro faz um ano que ela deixou de ter o Fórum Clóvis Beviláqua como segunda casa, depois de 40 anos de serviços prestados. Mesmo já tendo idade e tempo de serviço, ela conta que nunca tinha pensado em aposentadoria. “Eu achava que ia morrer trabalhando, mas como o nosso trabalho é difícil e perigoso chega um momento que é preciso parar”, disse.

Além de equilíbrio emocional, Rita de Cássia acrescenta que é uma profissão que requer também saúde física. “É um trabalho árduo, conheci Fortaleza de ‘cabo a rabo’, como se diz. Passei, assim como muitos colegas, por situações de medo e tensão, de ficar trancada dentro de uma casa com um pitbull. Tem que ter a cabeça fria”, afirma. Em uma das últimas diligências cumpridas no bairro Lagamar, onde trabalhou durante muitos anos, foi cercada por três homens armados e teve de sair de marcha à ré. “Violência sempre teve, mas não como está agora”, observa. A partir de então, ficou com medo de trabalhar sozinha. Esse episódio somado a um problema no joelho foram fatores que contribuíram para que decidisse se aposentar.

Durante todos esses anos de labor, a oficiala comenta que acompanhou a luta da categoria por melhores condições salariais e de trabalho, papel muito bem desempenhado pelo sindicato. “Nunca deixei que falassem mal da classe e, como aposentada, continuarei defendendo veementemente. O trabalho do Oficial de Justiça é duro, difícil e doloroso, mas extremamente importante. Os processos não vão ter andamento se os atos processuais não chegarem aos cidadãos”, salienta.

Reconhecimento

Foi com surpresa e enorme satisfação que ela recebeu, no último mês de dezembro, uma homenagem do Fórum Clóvis Beviláqua. “A diretoria manifesta reconhecimento e gratidão pelo importante trabalho realizado como servidora desta casa. Tenha certeza de que suas mãos ajudaram a escrever a história do Poder Judiciário e aproveite bem a sensação de dever cumprido. Muito obrigada. Desejamos boa sorte e realizações nessa nova fase da sua vida”, diz o documento assinado pela juíza Ana Cristina Esmeraldo. Rita de Cássia, porém, disse que ainda não se considera aposentada, pois falta participar do seu primeiro Encontro dos Aposentados que, por causa da pandemia, não teve como ser realizado pelo Sindojus no ano passado.

Depois de 45 anos de serviço público, dos quais 31 anos como Oficial de Justiça, Dutra Rocha, ex-diretor dos Aposentados do Sindojus, comemora a trajetória por ele construída. Por meio do trabalho pôde educar os filhos e se preparar para a aposentadoria com dignidade. “Sentia-me muito bem na função, apesar de algumas agruras, quando fui acometido por uma doença incapacitante e tive que parar de trabalhar, mas sem problemas, não tenho do que reclamar. Tendo saúde, a vida de aposentado vale a pena. Sinto saudades dos colegas, mas fora isso está tudo bem”, destaca o oficial que, mesmo não estando mais na ativa, continua dando a sua contribuição para as lutas sindicais em defesa da categoria.

História

A diretora dos Aposentados Margarida Brasil conhece bem a sensação de dever cumprido. Durante 42 anos ela trabalhou como Oficiala de Justiça, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo no Ceará. Caso queira saber a idade de uma pessoa, ela diz que é preciso perguntar primeiro a sua história. “Se tem história para contar é porque passou pela vida e viveu dignamente. É o meu caso como aposentada. Quando meus netos perguntam a minha idade eu digo para eles perguntarem a minha história. Eles questionam se eu não tive medo por ter sido a primeira oficiala, nunca tive”, assegura.

Enquanto representante dos aposentados, Margarida procura valorizar a classe e enfatiza que hoje a categoria pode contar com um sindicato forte, que luta pelos ativos e inativos. “Posso dizer que tenho um salário digno e que todas as conquistas levadas para aposentadoria são fruto do meu trabalho e das lutas do Sindojus. Sinto falta do fórum, mas temos um presidente atuante, que sabe conciliar todas as reivindicações, algumas pendentes em face da pandemia”, observa. Neste dia 24, ela deseja a todos os aposentados saúde e que possam sair desse período difícil livre do vírus. “Logo mais estaremos todos juntos fazendo aquela festa aos Oficiais de Justiça aposentados”, finaliza.

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