Sindojus Saúde

Pneumologista alerta sobre quais doenças respiratórias são fatores de risco para a Covid-19

07/04/2021

Na série Sindojus Saúde deste mês de abril, o Sindicato dos Oficiais de Justiça do Ceará (Sindojus-CE) traz um tema do interesse de todos, sobretudo, neste momento de pico da segunda onda da pandemia, ainda mais severo do que o registrado no ano passado: quais doenças respiratórias são fatores de risco para a Covid-19? Jordelio Maia Alves, especialista em clínica médica e pneumologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), alerta que entre as principais estão: a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC); as doenças autoimunes, que também afetam os pulmões; e as asmas graves, tendo em vista que as com quadro leve, em que a pessoa controla com medicação, não se enquadram mais nos fatores de risco.

O especialista explica que a doença ataca o pulmão causando uma inflamação, diminuindo a chamada complacência pulmonar, que seria a função que o pulmão tem de insuflar e desinsuflar. “Isso faz com que o pulmão fique um pouco duro, por conta da inflamação, às vezes o pulmão fica completamente duro e não consegue ventilar o suficiente, fazer a troca de ar dos alvéolos, e não consegue produzir o oxigênio necessário para os órgãos”, esclarece.

Ainda que alguns quadros apresentem complicações, o médico afirma que a maioria das pessoas infectadas pela Covid-19 possuem quadro leve. A preocupação maior é com aquelas que têm um acometimento pulmonar, “que a gente chama de um processo de inflamação generalizada do pulmão, que podem desenvolver a Síndrome de Angústia Respiratória do Adulto, ou seja, uma infecção generalizada, uma inflamação gravíssima, com baixa oxigenação no sangue do paciente”, diz.

Sequelas

As sequelas são apresentadas, acrescenta o Jordelio Maia, principalmente quando o pulmão fica com cicatrizes que provocam restrição na função de insuflar e desinsuflar, causando endurecimento do órgão. Estas cicatrizes, chamadas de fibroses, vão prejudicar a função do pulmão de produzir o oxigênio para o organismo.

Um fator que chamou a atenção do médico, que ele tem visto muito nos atendimentos realizados, é que o vírus tem aflorado doenças respiratórias que as pessoas não sabiam que tinham. “Têm muitos pacientes que eu consigo dar o diagnóstico agora, depois da doença. Essas pessoas não sabiam que tinham uma asma, uma DPOC, um enfisema pulmonar, uma bronquite, então a gente acaba vendo que, com o novo coronavírus, essa inflamação acaba aflorando, deixando a doença se expor”, afirma.

Cuidados

A Covid-19 tem deixado sequelas. O pneumologista aponta que há relatos de inflamação pulmonar, Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) ou pneumonia. “Trata-se de uma doença que está deixando os pacientes por um longo período de tempo com essa inflamação ainda ativa. É importante que essas pessoas evitem ter contato com produtos químicos, tais como tinta de cabelo, fumaças de um modo geral, cigarro, materiais de limpeza fortes, pois tudo isso pode afetar o pulmão e ocasionar novas inflamações, tendo uma recidiva da inflamação pulmonar. Podem desenvolver também outras infecções, principalmente, por causa disso”, alerta.

Grupo de risco

Jordelio Maia adverte que todas as doenças crônicas, tais como a DPOC, diabetes, hipertensão e insuficiência cardíaca fazem parte do grupo de risco para terem a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) – que é uma doença muito grave, com mais de 90% de mortalidade –, são do grupo de risco. Nestes casos, ele reforça que a recomendação é de que essas pessoas procurem os seus médicos, o pneumologista ou o cardiologista, para acompanhar e tratar a doença com o objetivo de reduzir os riscos de contrair a Covid-19 desenvolvendo com essas formas mais graves.

Doenças pulmonares

Entre as doenças pulmonares mais comuns, que são afetadas ocasionalmente, o especialista afirma que a asma é a principal. Tem também a DPOC, que afeta não só os fumantes, mas também aqueles que inalam produtos como: gás, fumaça de churrasqueira, fogão à lenha. “Tudo isso pode ocasionar a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, entre elas, o enfisema e a bronquite”, observa. O pneumologista complementa que os tabagistas passivos também têm grande importância nesse papel e que mais de 10% desenvolvem doenças respiratórias.

Para saber se possui alguma doença respiratória, Jordelio destaca que é preciso estar atento a alguns sinais, como: cansaço ao subir uma escada, taquicardia, “piado” no peito, tosse ou pigarro que não passam e perda de peso, que estão entre as causas da DPOC grave e são sintomas importantes que devem ser avaliados.

Prevenção e cuidados

O pneumologista reforça que praticar atividade física; não fumar; evitar a poluição (o que é difícil no meio em que vivemos); viver longe de queimadas e fumaças, inclusive, de churrasqueiras – quando for fazer churrasco, orienta que seja em ambientes ao ar livre –; e evitar ficar perto de fumantes em locais fechados, são as principais formas de prevenir doenças respiratórias.

Em nível mundial, Jordelio observa que a diminuição da poluição atmosférica, que podem afetar drasticamente as funções orgânicas e pulmonares, desenvolvendo doenças como asma e bronquite crônica, é outra medida importante. Contudo, salienta que são fatores os quais ainda estamos em evolução para alcançar.

“Na nossa casa é manter tudo limpo. Evitar o máximo possível o acúmulo de poeira nos tapetes; as cortinas têm de ser lavadas; passar o pano na casa; não deixar acúmulo de livros dentro do quarto; a casa tem que ser pintada com tintas boas, com antimofo; a casa deve ser arejada; quem usar ar-condicionado tem que ter o cuidado de limpar a cada três a seis meses e, dependendo do grau do uso, os filtros também têm que ser limpos. O filtro do ar-condicionado de veículos também devem ser trocados. Muita gente tem carro há anos e nunca trocou o filtro do ar-condicionado, tudo isso é importante”, reforça.

Breve currículo

Formado em medicina pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC) e especialista em Clínica Médica e em Pneumologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), o Dr. Jordelio Maia tem em seu currículo importantes atuações em unidades hospitalares do Ceará, tais como a UTI Respiratória do Hospital de Messejana e Hospital do Câncer do Ceará. Atua nas áreas de Clínica Médica, Pneumologia e Unidades de Terapia Intensiva.

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