Oficial de Justiça: muito além de um cumpridor da ordem judicial
Por ocasião do Dia Nacional do Oficial de Justiça, celebrado neste sábado (25), publicamos matéria em reconhecimento à valorosa contribuição deste profissional ao Poder Judiciário
“Nossa profissão tem mil facetas. Levamos à sociedade as decisões emanadas da Justiça, mas também fazemos o papel de psicólogos, conciliadores e, muitas vezes, precisamos agir como policiais”, a declaração é da oficiala Ielva Stela de Oliveira Viana, 72 anos, e há 27 anos exercendo esse cargo tão essencial ao bom funcionamento do Poder Judiciário cearense, que conta, atualmente com 640 profissionais ativos, trabalhando na Capital e Interior do Estado.
Comemorado nacionalmente neste sábado (25), a profissão de oficial de Justiça vai muito além de um cumpridor da ordem judicial. Com atuação externa, a profissão possibilita o contato direto com a população. “O oficial leva os serviços da justiça aos mais diversos locais e pessoas, do mais humilde ao mais privilegiado”, informou o coordenador da Central de Cumprimento de Mandados Judiciais (Ceman) do Fórum Clóvis Beviláqua, Wagner Sales Barbosa.
Ele explica que os profissionais, na maioria dos casos, orientam a parte intimada em como ela deve proceder, fazendo com que o intimado se sinta amparado e assistido. “O oficial faz esse trabalho de comunicação e orientação todos os dias da semana, independente de feriado. Em ações de despejo, por exemplo, o oficial procura, em muitos momentos, diante da situação de desespero de uma família, se colocar no lugar do outro e levar uma palavra de conforto”.
O coração falou mais alto
A oficiala Ielva Stela recorda de um momento que marcou sua trajetória profissional, quando foi realizar o primeiro cumprimento de mandado de penhora. “Cheguei em uma casa e não tinha quase nada, mas vi um som que cobria o valor da dívida. Quando afirmei que ia penhorá-lo, a senhora começou a chorar e disse que o objeto era um presente que ela ia dar pra sua filha, que completaria 15 anos em poucos dias. Não tive coragem de fazer a penhora. Sei que foi a única vez que deixei de cumprir corretamente uma ordem judicial, mas meu coração falou mais alto. Passado algum tempo, contei o ocorrido à juíza. Alguns anos depois, fui escolhida por ela como funcionária padrão”.
Amor à profissão
O cargo de oficial desperta o lado humano da pessoa, seja em quem exerce a função há muitas décadas, seja em quem assumiu recentemente, como é o caso de Virgínia Gurgel Matos, que tomou posse em setembro de 2021, aos 33 anos, para trabalhar na Comarca de Quixadá. Exercer a profissão era um sonho que ela sempre almejou. “Sonhei muito com esse cargo. Desde as primeiras diligências, me identifiquei com a atividade. É uma profissão dinâmica e com um papel social muito forte. Conheci realidades que me fizeram refletir e também ser muito grata por tudo que meu trabalho proporciona”. Virgínia enfatizou que a atividade proporciona conhecimentos que vão muito além do Direito. “Estou aprendendo a ser mais humana, empática e compreensiva. Não é segredo para minha família e meus amigos o quanto eu amo ser oficiala de Justiça”.
O que faz um Oficial
O oficial de Justiça executa vários mandados expedidos por juízes, como intimações, notificações, penhoras, arrestos, prisões, além de diligências que lhes são atribuídas, entre elas, auxiliar nas sessões de julgamentos, atender às partes e prestar informações solicitadas. Nos últimos três anos, devido a pandemia da Covid-19, os profissionais ganharam o auxílio das novas tecnologias (E-mail, WhatsApp e Videoconferências) na execução dos trabalhos. “A era do avanço tecnológico trouxe melhorias à confecção das certidões, que antes eram lavradas a próprio punho. Hoje, os meios eletrônicos integram o dia a dia dos oficiais. As intimações estão sendo realizadas por WhatsApp, remotamente”, disse Wagner Sales.
Por Emanuelly Neri, Jornalista
Fonte: TJCE