Fisioterapeuta dá dicas de como o Oficial de Justiça pode ter maior qualidade de vida na rotina de trabalho
Considerando que se trata de um profissional com elevado nível de estresse e tensão, até porque nem sempre leva notícias boas às pessoas, Edy Fernandes destaca que o primeiro ponto a se observar é a gestão desse estresse
O Oficial de Justiça exerce uma profissão dinâmica. Faz parte da sua rotina entrar e sair com frequência do veículo. Além disso, no final do dia ele precisa dar baixa nos mandados, trabalho que é feito de frente para um computador. Para saber como estes servidores podem ter maior qualidade de vida no exercício da função, a série Sindojus Saúde deste mês de julho entrevistou o fisioterapeuta Edy Fernandes.
Considerando que se trata de um profissional com elevado nível de estresse e tensão, até porque nem sempre leva notícias boas às pessoas, o especialista destaca que o primeiro ponto a se observar é a gestão desse estresse, por meio da realização de atividades físicas, como bicicleta, academia, pilates, entre outras. “Ele tem que descarregar esse estresse devido à rotina a qual é submetido diariamente”, observa.
Com relação ao ambiente de trabalho, o fisioterapeuta reforça a importância dos cuidados com a higienização, no sentido de preparar esse espaço. “Deve ser um ambiente tranquilo, organizado, limpo. É preciso atentar também para a ergonomia, a questão da altura do computador, da mesa e da cadeira para que não fique com o pescoço flexionado para baixo ou muito alto. O ideal é manter uma postura a mais ereta possível”, disse. Diz ainda para não passar mais de 40 minutos sentado de frente para o computador, pois aumenta a pressão no disco intervertebral, o que pode ocasionar dor. A orientação é para a cada 40 minutos levantar, fazer um breve alongamento para, só então, retornar às atividades.
No caso do Oficial de Justiça, que passa boa parte do tempo dentro de um veículo, alguns utensílios podem ser utilizados para proporcionar maior comodidade e prevenir dores na coluna vertebral. O fisioterapeuta recomenda o uso de assentos massageadores em formato de bolas. Indica também a utilização de um rolinho, que pode ser colocado na região lombar para manter a curva fisiológica da coluna.
Edy alerta que uma ergonomia não favorável no ambiente de trabalho vai impactar diretamente na questão física e emocional, aumentando as dores e o nível de estresse, fazendo com que essa pessoa tenha de fazer uso de medicamentos e, possivelmente, afastar-se do trabalho para tratamento do problema de saúde.
Doenças mais comuns
Entre as doenças na coluna vertebral mais comuns, que são as que mais trata no consultório, estão a cervicalgia, que seria dor ou rigidez no pescoço; seguida das lombalgias, que seriam dores na região lombar; e a conhecida hérnia de disco, que seria aquela dor que gera formigamento, choque e radiação nos membros inferiores ou superiores, dependendo do nível do problema.
O especialista diz que alguns fatores contribuem para o surgimento ou agravamento de dores, entre eles: obesidade, sedentarismo e tabagismo. Disse, ainda, que o sexo feminino é o que mais sofre com dores na coluna, por causa do estilo de vida da mulher moderna, que trabalha fora e dentro de casa, gerando maior estresse físico causado pelo acúmulo de funções e também fatores hormonais. Outro fator que menciona são as alterações de biomecânica humana, que seria o fato de a pessoa ter uma perna um pouco mais curta que a outra, gerando disfunções.
Quiropraxia
Com o objetivo de melhorar a flexibilidade, reduzir a dor e recuperar as funções normais das vértebras, dos músculos e ligamentos, uma técnica que poder ser utilizada é da quiropraxia, a qual consiste no tratamento da coluna vertebral. Edy explica que dentro da coluna vertebral passa a medula e há pares de nervos que vão para todo o organismo, e essa coluna, ao longo do tempo, devido ao estresse a que somos submetidos, pode sofrer subluxações, quando se observa a presença de alteração no alinhamento vertebral.
“Na verdade, a coluna não saí do lugar, ela se afasta e acaba pressionando um nervo da coluna vertebral, então essa comunicação de certa forma é interrompida, fazendo com que aquele músculo ou aquela víscera não funcionem de forma correta, a exemplo de um diafragma, pulmão, porque está tudo conectado. A coluna passa a informação e leva para todo o sistema do corpo”, explica.
Dores musculares e pontos gatilhos
Nem sempre as dores são resultado de uma patologia mais séria. Dores localizadas formadas por pequenos “nós” são os chamados pontos gatilhos. O fisioterapeuta Edy esclarece que se trata de formações de nódulos dolorosos na parte muscular, os quais estão relacionados com a questão do estresse. “É quando há contratura muscular e o fluxo sanguíneo acaba não chegando naquela região de forma correta. Se não tem fluxo sanguíneo, não oxigena e acaba gerando essa dor aumentada. Esse é um problema tem que ser combatido”, afirma. Dentro da fisioterapia, o tratamento pode ser feito por acupuntura, laser terapia, liberações miofaciais (um tipo de massagem mais intensa) e alguns tipos específicos de alongamentos.
Covid-19
“Aquele paciente que já sentira dores, quando pega Covid vem bem mais agravado. Quem não tinha nada também acaba sentindo dores na coluna vertebral, por causa dessa inflamação sistêmica”, explica Edy Fernandes
A fisioterapia tem se mostrado essencial também no tratamento da Covid-19. Apesar de inicialmente ter sido considerada uma doença respiratória, a Covid é, na verdade, uma doença vascular. O fisioterapeuta explica que ela causa inflamação dos vasos sanguíneos, que ficam mais grossos e tem o calibre interno diminuído. “Nós sabemos que o sangue leva todos os nutrientes para o corpo, músculos, vísceras, então quando não chegam os nutrientes necessários para repor energia da Adenosina Trifosfato (ATP), a gente começa a ter um déficit de força e energia, e esse paciente passa a sentir dor, fraqueza, por isso é importante que faça reabilitação”, destaca Edy.
Ele acrescenta que, dependendo do caso, tem a reabilitação pulmonar ou de coluna. Na parte de reabilitação da coluna vertebral, foco de seu trabalho, pode-se utilizar o RPG, quiropraxia, osteopatia, massagem profunda, fortalecimento muscular. “Tem toda essa gama de ferramentas que a gente pode trabalhar”, frisa. Ele conta que tem recebido muitos pacientes com dores nas costas pós-Covid. “Aquele paciente que já sentira dores, quando pega Covid vem bem mais agravado. Quem não tinha nada também acaba sentindo dores na coluna vertebral, por causa dessa inflamação sistêmica”, afirma.
Plano de tratamento
Ao chegar no consultório para investigar a causa de dores na coluna, o especialista comenta que é feita uma anamnese. A pessoa vai explicar qual a queixa principal, contar um pouco da sua história, é feita uma avaliação e traçado um plano de tratamento específico para ela. Dentro desse plano de tratamento, Edy acrescenta que existem várias técnicas da fisioterapia que podem ser utilizadas: Reeducação Postural Global (RPG), que são posturas estáticas para corrigir questões posturais; quiropraxia ou osteopatia; e a parte de eletrotermoterapia, que pode se utilizar de vários recursos, tais como tens, laser, laser eletroestimulador, massagem profunda. Fora isso, ele acrescenta que tem também orientações domiciliares e para o trabalho.
Saiba Mais
Edy Fernandes é graduado em Fisioterapia desde 2009 pela Unifanor/Wyden, pós-graduado em traumato-ortopedia e pós-graduando em coluna vertebral. Possui formações em quiropraxia, osteopatia, escoliose baseada em evidências, RPG e Termografia Cinética Funcional. Ao longo de sua trajetória profissional tem se dedicado à reabilitação funcional global com ênfase nas patologias da coluna. Tem como foco o tratamento fisioterapêutico especializado em hérnia de disco, escoliose e dores da coluna em geral. Atualmente, atende em um consultório na clínica Instituto de Tratamento da Dor (ITD), localizada na rua Henriqueta Galeno, 521, bairro Dionísio Torres, em Fortaleza, Ceará.
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