Campanha

Fevereiro é o mês de combate à leucemia. Conheça o exemplo de luta e superação da oficiala Érica Florêncio

A patologia ocupa a 10ª colocação entre os tipos de câncer mais incidentes no país. No Ceará, a estimativa é de que 470 novos casos sejam diagnosticados neste ano

05/02/2020
O Sindojus Ceará apoia essa campanha. Seja doador de sangue, plaquetas e medula óssea e ajude a salvar vidas.

O Sindicato dos Oficiais de Justiça do Ceará (Sindojus-CE) apoia a campanha Fevereiro Laranja, a qual alerta sobre a leucemia – câncer que afeta os glóbulos brancos. Para 2020, a estimativa é de que 10.810 mil novos casos sejam diagnosticados em todo o Brasil, sendo 5.920 homens (54,7%) e 4.890 mulheres (45,2%). A patologia ocupa a 10ª colocação entre os tipos de câncer mais incidentes no país. No caso dos homens, em primeiro lugar está o câncer de próstata, com expectativa de 65.840 novos casos. Já nas mulheres, o câncer de mama, com perspectiva de 66.280 novas ocorrências.

No Ceará, a estimativa é de que 470 novos casos de leucemia sejam diagnosticados neste ano, dos quais 140 em Fortaleza (29,7%). Os dados são do estudo “Incidência de câncer no Brasil – Estimativa 2020”, elaborado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, do Ministério da Saúde.

Luta

No dia 10 de julho de 2018, após uma semana sentindo fortes dores nas costas e ver aparecer em seu corpo várias manchas rochas, a oficiala Érica Florêncio foi diagnosticada com leucemia. “Estavam me tratando para dor nas costas, quando o acupunturista percebeu que havia uma alteração no meu corpo e passou um hemograma. Fiz o exame às 13h30 e, às 19h, me ligaram do laboratório dizendo que eu precisaria ir a uma emergência. Fui para o hospital e lá fiquei”, conta.

Após a realização de mais alguns exames, o diagnóstico foi confirmado: leucemia linfoide aguda – que acontece quando as células-tronco, responsáveis por dar origem aos componentes do sangue (glóbulos brancos, que combatem as infecções; glóbulos vermelhos, que fazem oxigenação do organismo; e plaquetas, que impedem as hemorragias), sofrem alterações. Ela conta que, a partir daí, precisou tomar sangue e o Sindicato dos Oficiais de Justiça do Ceará (Sindojus-CE) lançou uma campanha para doação de sangue e plaquetas, e muita gente foi doar.

Érica fez três ciclos de quimioterapia. Nesse meio tempo, a médica passou alguns exames para os familiares da oficiala, já que seu caso se tratava de transplante de medula óssea. “Acabou que a minha irmã, que eu não via há mais de 11 anos, foi a minha doadora. A gente a encontrou, foram feitos os exames e deu que a medula era absolutamente compatível”, disse.

Depois veio outra batalha. Ainda que em Fortaleza fosse realizado esse tipo de procedimento, devido à complexidade do caso, a médica a encaminhou para o Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), em São Paulo, onde a oficiala ficou por quatro meses na companhia do marido e da irmã. Érica acrescenta que o mais difícil, no entanto, não foi lidar com a quimioterapia, mas com o pós-transplante. “A medula que estava chegando, por mais compatível que fosse, era estranha, então o corpo tende a rejeitar, por isso passei a ter a ativação de vários vírus, pneumonia, porque o transplante zera o sistema imunológico. É como se eu não tivesse mais nenhuma vacina”, comenta.

Superação

No dia 20 de janeiro de 2019, ela retornou para Fortaleza e, durante todo o ano passado, teve de combater essas infecções. “A gente achou que não ia dar certo, mais aos pouquinhos foi dando. Estou tomando todas as vacinas novamente e, na segunda-feira passada (dia 27 de janeiro), retornei ao trabalho”, conta, com satisfação.

A lição que tira de tudo isso é de que teve de adoecer para unir a sua família novamente, pois a mesma estava dispersa. “Eu não via a minha irmã há mais de 11 anos, então foi um fator de agregação. Essa doença foi transformadora, conciliadora, eu acho que por isso consegui olhar para ela de uma forma tão positiva. Ela trouxe muita gente para perto de mim, fez com que eu me sentisse importante, cuidada”, ressalta.

Durante o período em que esteve internada, a oficiala passou por um tempo de muito silêncio e reflexão, e hoje encara a vida de uma nova forma. “Eu sentia tanta falta do vento, da praia, da chuva, das comidas. Eu passei muito tempo sem sentir o sabor das coisas e hoje sinto a vida de outra forma, mais intensa. Até o cheiro das plantas e da terra para mim são diferentes. Eu aproveito todos os minutos do dia, o sabor das comidas, o frescor da água, porque já tive momentos sem isso, então foi o que eu aprendi”, observa.

Érica faz um apelo para que as pessoas sejam doadoras de sangue, plaquetas e medula óssea. “Não dói, é um procedimento simples, vão retirar um pouco de sangue para ajudar quem está precisando. A doação foi o que me salvou”, enfatiza.

Como doar?

Para se cadastrar como doador de medula óssea é necessário ter entre 18 e 55 anos, não ter tido câncer e apresentar documento de identidade. O cadastro, que deverá ser realizado no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), será concluído com a assinatura de um Termo de Consentimento e a coleta de uma amostra de sangue (10 ml). O cadastro é único e o doador só precisa mantê-lo atualizado. Atualmente, o Hemoce conta com aproximadamente 200 mil pessoas cadastradas para ser doadoras de medula óssea.

Para o paciente, o doador pode ser a única possibilidade de cura. Dessa forma, quanto mais doadores registrados, maior será a chance de encontrar um que seja compatível. As características genéticas serão colocadas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), para consulta quando necessário.

Mais informações: (85) 3101.2288 – Núcleo de Medula do Hemoce

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