Entre a Justiça e a maternidade: a força das mães Oficialas de Justiça
Neste 11 de maio, em homenagem ao Dia das Mães, a entidade compartilha histórias de oficialas do interior e da capital que falam sobre os desafios, alegrias e transformações da jornada materna
Elas representam a força em movimento, a determinação diária e o amor incansável que sustentam jornadas múltiplas, dentro e fora de casa. Mães que equilibram a missão de criar e educar com a responsabilidade de servir à Justiça, enfrentando ruas, fóruns e distâncias com a mesma bravura com que acolhem, protegem e inspiram seus filhos. Em homenagem ao Dia das Mães, o Sindicato dos Oficiais de Justiça do Ceará (Sindojus-CE) compartilha as histórias das oficialas Carla Barreto, Eluana Pereira, Edna Sampaio, Palmira Peixoto e Ofélia de Sampaio que falam sobre os desafios, alegrias e transformações que acompanham a jornada de ser mãe.
O sonho da maternidade
Para Carla Maria Barreto Gonçalves, oficiala de justiça lotada na Comarca de Beberibe, a experiência materna é um processo de transformação única e pessoal. Apesar de ainda estar nos primeiros meses dessa nova fase, ela sente que ser mãe vai além dos clichês sobre amor e dedicação. “Cada mulher se modifica e altera o mundo como mãe de forma ímpar”, reflete ela.

Foto: arquivo pessoal
Conforme seu relato, a história com sua filha Heloísa começou de uma maneira surpreendente. “Heloísa foi anunciada para mim em um sonho, que, curiosamente, parecia com o meu trabalho. Eu estava numa casa cheia de agentes de saúde, e uma delas me disse: ‘a Heloísa está vindo. Você vai adorar conhecê-la’”, relembra. E, desde aquele momento, a oficiala percebeu que o sonho se transformaria em um momento inesquecível de sua vida. “Acho que esse foi o começo lindo de uma história que ainda tem muitos outros capítulos a serem escritos”, diz com emoção. Hoje, com 7 meses de vida, a pequena Heloísa já é descrita por Carla como um dos seus “sonhos mais lindos e planejados”.
Conciliar o trabalho com os cuidados com a filha tem sido um desafio novo para a oficiala, que está se readaptando à rotina profissional. “Também faz pouco tempo que voltei à ativa, então esse malabarismo é completamente novo para mim”, conta. O teletrabalho, segundo ela, tem sido um alívio nesse início, mas sabe que a realidade das ruas deve chamar de volta em breve. “Por enquanto vou me virando, cumprindo mandados gravando áudios feitos com risada de bebê ao fundo”, diz, com bom humor.
Para lidar com a fase materna, Carla reconhece a importância de contar com outras oficialas que também trilharam esse caminho, enfatizando o apoio coletivo. “Já pedi socorro a algumas colegas oficialas e confesso que sou fã delas. Espero aprender muito com elas e só posso desejar que sejamos todas felizes nessa dupla missão, hoje e sempre”, complementa.
Os desafios do retorno

Foto: arquivo pessoal
Palmira Peixoto Alves, da comarca de Quixadá e mãe há menos de seis meses da pequena Catarina, uma filha muito aguardada e planejada, considera a maternidade como o ato de doação mais puro que existe.
A chegada da bebê foi cuidadosamente planejada e esperada, mas, como a oficiala afirma, nenhuma preparação é suficiente para contemplar a realidade da criação de um filho. Em contagem regressiva para o fim da licença-maternidade, ela relata estar apreensiva com o retorno ao trabalho. “Sinto que saí da órbita da Terra e estarei retornando em pouco tempo. Sem falar no fato de que minha cabeça nunca mais estará 100% no trabalho, pois sempre estamos pensando em como nossos filhos estão em casa”, conta.
Ela descreve a sensação de ter que retornar ao cumprimento de mandados nas ruas e se afastar de um bebê ainda tão dependente.
“A gente passa seis meses com um grande privilégio ao lado dos nossos filhos e, ainda assim, não é tempo suficiente. Eles não sabem andar, não sabem sentar direito, não sabem dizer onde dói, e, mesmo assim, temos que voltar ao trabalho”, conta.
Palmira revela que esse retorno pode ser emocionalmente desafiador e reforça o quanto o tempo da licença-maternidade é curto diante da complexidade dos cuidados com bebês que dependem totalmente das mães. “O curto tempo da licença não é suficiente para que a gente volte com convicção, com segurança para o trabalho”, conclui.
Autocuidado
Eluana Pereira Nunes, oficiala de justiça da Comarca de Boa Viagem, conta que a experiência materna é um caminho de amor, entrega e aprendizado constante. Na rotina intensa da maternidade, ela encontra não só os maiores desafios, mas também as maiores recompensas.
“Ser mãe é ensinamento, acolhimento, é doação, é amor! É a experiência mais prazerosa, exaustiva e feliz”, resume.
Ao lado de Ravi, seu filho de apenas 2 anos, Eluana aprende diariamente a desacelerar, valorizar o presente e enxergar alegria nas pequenas coisas. “Ele me ensina, todos os dias, a ser melhor, a encarar a vida com mais leveza e a encontrar felicidade na simplicidade”, destaca.

Foto: arquivo pessoal
Embora a tarefa de dividir o tempo entre a carreira e a criação do filho não seja tão simples, para Eluana, é plenamente possível encontrar um ponto de equilíbrio. Em sua opinião, organização e rede de apoio são palavras-chave nesse processo. “Com planejamento, paciência e dedicação conseguimos cumprir o que nos é proposto”, pontua.
A oficiala também transmite uma mensagem importante para as outras mães, enfatizando a relevância da autoestima e do autocuidado. “Apesar de ser cansativo se desdobrar para dar conta de inúmeras atividades ao mesmo tempo, é essencial não se deixar de lado, ter um momento para si e preservar a saúde emocional. Só quando estamos bem internamente é que conseguimos cuidar dos nossos filhos e exercer nosso trabalho com responsabilidade”, pontua.
De mãe à avó
“Somos escolhidas para exercer esse papel de mãe, que para mim é uma doação, é renúncia, é entrega e um amor infinito, que toda mãe tem por um filho.” É assim que Ofélia de Sampaio Chaves Silva, da Central de Cumprimento de Mandados Judiciais (Ceman) de Fortaleza, define o significado da maternidade. Mesmo recém-operada do ombro esquerdo, a oficiala gentilmente concedeu entrevista para esta matéria, demonstrando disposição e compromisso em partilhar sua trajetória enquanto mãe.
Com um forte senso de responsabilidade, ela vê esse papel como essencial na formação pessoal e ética dos filhos. Às vésperas de uma nova etapa, Ofélia se prepara para ser avó pela primeira vez, com a chegada do João, bebê de sua filha Letícia, prevista para setembro. “Eu vou experimentar desse novo amor que todo mundo fala ser maior ainda”, diz, cheia de expectativa e emoção.
Oficiala desde antes de se tornar mãe, ela relembra como foi árduo lidar com tantas atribuições ao mesmo tempo. “A gente se rebola muito para dar conta de tudo”, comenta. Segundo ela, as mulheres acumulam cada vez mais funções na sociedade, mas nenhuma é tão exigente e transformadora quanto a maternidade. Ainda assim, Ofélia vê tanto a missão de ser mãe quanto o trabalho no Judiciário como dádivas. “São bênçãos, são graças de Deus e me sinto realizada”, afirma.

Foto: arquivo pessoal
Com sensibilidade e sabedoria, ela deixa um recado às mulheres que já são mães e às que ainda serão. “Tentem ser o máximo possível do que vocês conseguem pela formação do seu filho”, aconselha. Para ela, investir afeto, presença e valores sólidos não apenas molda o bom caráter de um filho, mas também constrói uma trajetória de vida significativa que gera frutos positivos aos pais. “Ninguém pode deixar de exercer a função de ser mãe, porque ela é plena, ela é maravilhosa, e o resultado é especial. É um outro ser que também vai fazer história e será uma história muito feliz se tiver uma boa formação familiar. O retorno que um filho dá com o carinho e todos os outros reconhecimentos, tudo isso, é para lá de especial”, ressalta.
Amor de bisavó é triplicado

Edna e seus quatro filhos. Na sequência, da esquerda para a direita: Elton, Higor, Amanda e Heracktanho.
Fotos: arquivo pessoal
Mãe há 39 anos, avó há 17 e bisavó há apenas 1 mês e meio, Edna Maria Sampaio Silva, da comarca de Jaguaribe, reflete sobre ser mãe como uma vivência contínua que se aprofunda a cada nova geração. “Ser mãe é, para mim, uma das experiências mais ricas e transformadoras da vida. Já ser avó é como receber esse presente em dobro, com um amor ainda mais doce. E ser bisavó é como viver a maternidade pela terceira vez em um misto de sentimentos e amor incondicional”, comenta com empolgação.

Netos e bisnetos de Edna. Na sequência, da esquerda para a direita: foto 1: Bento, Arthur e Olívia — filhos de Elton. Foto 2: Maria Fernanda e Isabella — filhas de Higor. Foto 3: Ariel e Carlos César — filhos de Amanda. Foto 4: Melina — filha de Heracktanho. Foto 5 (moldura em formato de coração): Lucas Gabriel — neto de Higor. Fotos: arquivo pessoal
Ela sempre se dedicou com carinho à sua família, mesmo diante dos desafios da profissão. “Quando eles eram crianças, foi um pouco difícil, porque eu trabalhava na Comarca de Iracema e só voltava para casa em Jaguaribe no final de semana, mas sempre fiz questão de ser presente em todos os momentos importantes para eles”, relembra. A oficiala frisa que a relação com os filhos, Elton, Higor, Amanda e Heracktanho, é de proximidade, amizade e confiança. “Eles são meus filhos e também meus melhores amigos. Apesar de hoje já serem todos maiores, sempre me pedem opinião e consentimento para tudo o que vão fazer”, comenta.
Para Edna, revezar entre os papéis de mãe, avó, bisavó e oficiala de justiça sempre demandou bastante organização e planejamento. Ela ressalta que o auxílio do marido foi essencial para dividir igualmente as responsabilidades do dia a dia. “Graças a Deus, sempre deu certo conciliar tudo, até porque sempre tive o apoio do meu marido e sou feliz por tudo isso”, compartilha.
Homenagem especial
Neste 11 de maio, o Sindojus Ceará parabeniza todas as Oficialas de Justiça pelo Dia das Mães, reconhecendo o esforço diário de quem equilibra as demandas da profissão com as múltiplas tarefas da maternidade e da vida. Através dos relatos inspiradores das oficialas Carla, Edna, Eluana, Ofélia e Palmira, a entidade presta uma homenagem especial a todas essas mulheres que carregam dentro de si a força mais genuína e transformadora: o amor materno.

Arte: Sindojus-CE