2 – Abrindo a caixa preta da Unimed-Fortaleza

25/04/2013

Em agosto de 2013 o convênio entre o Sindojus-CE e a Unimed-Fortaleza faz aniversário. De acordo com o contrato vigente, neste mês ocorrerá o reajuste dos preços do convênio. Esta série de artigos visa subsidiar os oficias de justiça usuários do convênio na tomada de decisões com relação à negociação, índices de reajuste e formalização do aditivo.

 

Os usuários dos planos de saúde ficam perplexos diante dos crescentes aumentos nos preços. Verificam que os índices de reajuste são sempre maiores que a inflação ou o reajuste nos salários/vencimentos. As consequências são preocupantes.

 

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), em estudo sobre os reajustes dos planos de saúde individuais e familiares, chegou à conclusão que em 30 anos será inviável continuar pagando planos de saúde. Verificou-se que a relação entre os reajustes e a inflação acumulada entre os anos de 2002 e 2012, apresentou um aumento de 38,12% e se a diferença continuar a mesma pelos próximos 30 anos as mensalidades serão corrigidas em 163,49% acima do IPCA e será então impossível continuar pagando um plano de saúde.

 

 

Um consumidor hipotético com 30 anos de idade que paga em seu plano individual R$ 210,07 por mês (valor ilustrativo do plano individual de uma grande operadora), com renda de R$ 3.000 por mês, compromete 7% de seus rendimentos para honrar seu compromisso com a empresa. Se forem mantidas as condições de reposição salarial e as regras atuais de reajuste dos planos de saúde, quando esse consumidor completar 60 anos, terá, primeiramente, mudado de faixa etária, e seu plano de saúde terá sofrido um acréscimo de 296,79%.

 

Além desse aumento, se aplicado o reajuste de 163,49% acima da inflação no período, seu plano passará dos R$ 210,07 para R$ 2.196,28, o que representaria 73,21% de sua renda, e inviabilizaria o pagamento do plano de saúde. Valem ressaltar que essa projeção é baseada na diferença entre os reajustes de planos e a inflação dos últimos dez anos, não sendo necessário, assim, estimar a inflação do período.

 

Os reajustes da Unimed-Fortaleza

 

O estudo do IDEC foi baseado em plano individual. O nosso convênio com a Unimed-Fortaleza é coletivo por adesão e os reajustes são “livremente” negociados. Tais reajustes além de serem estipulados acima da inflação, são quase o dobro do reajuste dos planos individuais, nos fazendo crer que em menos de 30 anos o pagamento do nosso convênio seria inviável ou estaria comprometendo de tal forma o orçamento doméstico que a qualidade de vida seria aviltada.

 

São justos os valores cobrados?

 

As operadoras de saúde alegam que o envelhecimento da população e os avanços da medicina são os responsáveis por esta escalada de preços. Dizem que antigamente poucos tinham doenças que poderiam ser de fato curadas. A maioria das doenças era incurável, por isto 50% dos custos médicos dos planos de saúde eram gastos nos últimos dois ou quatro anos de vida.

 

Com os avanços da medicina os usuários passaram a viver mais. Hoje se consegue cura em doenças que antigamente provocava o óbito, entretanto, estima-se que 80% dos usuários terão um dia as chamadas doenças sérias, caras e de longo tratamento como câncer e coração. Em consequência, o custo da saúde ficará cada vez maior em razão das sucessivas doenças sérias e caras que atingirão inevitavelmente a maioria dos usuários.

 

A expectativa média de vida em 1960 era de 60 anos, agora é de 76 anos para os homens e 78 para as mulheres, ou seja, aumentou 16 e 18 anos, justamente na faixa em que existe a maior incidência de falhas do organismo. As operadoras afirmam que este aumento de mais de 20% de expectativa de vida gera um aumento de mais do que 50% nos custos dos planos de saúde, levando-se em consideração a estimativa de que os idosos gastem de 8 a 30 vezes mais que os jovens.

 

Mesmo levando em consideração o envelhecimento da população e os avanços da medicina, são justos os valores cobrados?

 

CONTINUA…

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