Sindojus oferece café da manhã especial às oficialas de Justiça
Apesar de a função de Oficial de Justiça ser uma das mais antigas do judiciário, foi somente em 1975, com Margarida Brasil, que o Ceará teve a sua primeira oficiala de Justiça
Como forma de prestar uma singela homenagem às oficialas de Justiça, o Sindicato dos Oficiais de Justiça do Ceará (Sindojus-CE) oferece, na próxima quinta-feira, 8 de março, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, um café da manhã especial na sala dos oficiais do Fórum Clóvis Beviláqua, a partir das 9 horas. Oficialas do interior e da capital estão convidadas.
Apesar de a função de Oficial de Justiça ser uma das mais antigas do judiciário – registrada desde os tempos bíblicos do Antigo Testamento – foi somente em 1975, com Margarida Brasil, que o Ceará teve a sua primeira oficiala de Justiça. A partir de então, cada vez mais mulheres têm assumido a função. Atualmente elas somam 229 (26,8%), quantidade ainda inferior a dos homens – 624 (73,1%).
Valorização
Há 22 anos na profissão, Ielva Stela conta que sempre se sentiu valorizada no exercício da função. Quando assumiu, em março de 1996, foi a primeira oficiala da 3ª unidade. “Quando cheguei, ainda ‘verde’, me entregaram uma pasta com uma quantidade surreal de mandados. Ao chegar em casa joguei em cima da cama e comecei a organizar por bairros. Em 15 dias cumpri todos. Na época, a juíza comentou que quando eu cheguei pensou que não iria dar certo uma mulher nessa função, mas depois não quis mais me largar. Sempre fui muito respeitada. É na maneira de trabalhar que você se impõe”, observa.
Para Ielva, duas lutas são imprescindíveis à categoria: segurança e aposentadoria especial. “É uma profissão muito desgastante. Na rota, muitas vezes temos que entrar em regiões barra pesada e sem a companhia de ninguém. A gente envelhece mais rápido que as pessoas que trabalham internas”, disse.
Machismo
Raniéria Lima, vice-presidente do Sindojus Ceará, destaca que as mulheres têm sim algumas questões para comemorar, como a possibilidade de poder ingressar em carreiras que antes só eram de homens. Porém, no caso do oficialato, diz que ainda existe muito preconceito. “Algumas pessoas continuam achando que não é profissão para mulher, apesar de a gente desenvolver o trabalho tão bem quanto os homens. Isso ocorre não apenas no oficialato, mas em outras profissões também”, afirma.
Apesar da luta ter se fortalecido, Raniéria salienta que as mulheres têm sofrido alguns retrocessos nos últimos tempos, a exemplo do ponto da Reforma Trabalhista que prevê a possibilidade de grávidas trabalharem em condições insalubres. “Fomos surpreendidas por mais esse retrocesso, isso porque a política ainda é um espaço o dominado por homens e a maioria não aceita os direitos que conquistamos”, frisa. Para ela, a mulher precisa se conscientizar de que, se ela não se inserir em todos os espaços, sobretudo na política, vai continuar sempre à margem.
“Infelizmente, as mulheres que lutam para dirimir essas questões ainda são fortemente atacadas, mas nós temos força, temos perseverança e não vamos abrir mão dos nossos direitos”, enfatiza.
O Sindojus parabeniza todas as oficialas de Justiça pelo Dia da Mulher! Que unida a categoria possa continuar lutando pela garantia de direitos e igualdade para todos (as).