Foto: Diário do Nordeste

Depois de deixar os servidores à míngua, com 0% de reajuste salarial em 2016, o governador anunciou, hoje, à imprensa, durante visita à Assembleia Legislativa, que concederia o irrisório reajuste de 2%, percentual bem abaixo da inflação do ano passado – de 6,29%. O índice não compensa sequer o aumento da contribuição previdenciária, aprovado no fim do ano passado – de 3%. Dessa forma, o acumulado de perdas salariais desses dois anos – a inflação de 2015 foi de 10,67% e 6,29% em 2016 –, somado ao aumento de 3% da contribuição previdenciária, resulta em perdas salariais de 17,96% (já considerando a vergonhosa correção de 2%).

“Eu quero apenar que os servidores entendam que nós estamos fazendo um esforço dentro da limitação que o Estado tem. Não posso ser irresponsável de dar qualquer aumento maior com o risco de comprometer as finanças do Ceará, comprometendo os serviços à população cearense, em um momento de tantas incertezas no cenário econômico que o Brasil atravessa”, alegou.

LOA

Na contramão desse discurso, dados apresentados pelo secretário de Planejamento e Gestão do Estado, Hugo Figueirêdo, apontam que a Proposta da Lei Orçamentária Anual (LOA) do Estado para 2017 prevê investimento da ordem de R$ 25,1 bilhões para pagamento de despesas e investimentos, que serão distribuídos entre os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, além de outros órgãos do Estado, o que representa crescimento de 3,1% com relação a 2016. A projeção orçamentária do ano passado foi de R$ 24,3 bilhões.

Para servidores que recebem a remuneração mínima será concedida a correção inflacionária do período – de 6,29%. Algumas categorias, como a dos militares, terão os salários igualados à média salarial do Nordeste. “Vamos manter essa lógica do Estado de manter diálogo com algumas categorias, a exemplo do que foi feito no ano passado na saúde, educação, segurança, Detran e com os agentes de saúde”, disse.

Retroativo

A correção de 2% será retroativa a 1º de janeiro deste ano. O governador afirmou que o pagamento será efetuado logo após a aprovação da mensagem na Assembleia Legislativa.

A forma desrespeitosa com a qual o governador vem tratando o servidor público, sobretudo no que diz respeito à reposição inflacionária, não será esquecida. Até 2018, esse tratamento ficará na memória de todos aqueles que estão sentindo no bolso o acumulado de perdas salariais desses últimos anos.

*Com informações da Assembleia Legislativa do Ceará