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Oficiais de Justiça do Ceará contam histórias de alívio e esperança após recuperação da Covid-19

Segundo dados do Sindojus, até o momento, são 18 casos confirmados de oficiais de justiça infectados pelo novo coronavírus no Ceará

21/08/2020
O oficial de justiça Felipe Melo e a esposa Roberta Fortes, que tiveram Covid-19, comemoram a chegada do filho da maternidade. Foto: arquivo pessoal.

Nos últimos meses, os cearenses enfrentaram momentos difíceis por causa da pandemia da Covid-19. Os oficiais de justiça, por estarem na linha de frente da prestação jurisdicional, sofreram com os riscos provocados pela doença. Segundo dados do Sindicato dos Oficiais de Justiça do Ceará (Sindojus-CE), até o momento, são 18 casos confirmados de oficiais de justiça infectados pelo novo coronavírus no estado, em que dois deles faleceram: o aposentado Leopoldo Piquiá, de 84 anos, e Marcos Antônio Uchoa de Freitas, de 53 anos, que estava na ativa. Atualmente, o Brasil tem 17 oficiais de justiça vítimas da Covid-19.

De acordo com dados do IntegraSUS, atualizados pela Secretaria da Saúde do estado (Sesa), o número de recuperados vem crescendo no Ceará. Até esta quinta-feira (20), já são 173.514 pessoas que venceram a doença no estado, sendo o número de recuperados (1.325) superior ao número de novos casos confirmados (1.221), nas últimas 24 horas.

Um desses recuperados é o oficial de justiça, lotado na Central de Cumprimento de Mandados Judiciais (Ceman), de Fortaleza, Felipe Melo, de 36 anos, que, na segunda quinzena de abril, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19, às vésperas do nascimento do seu primeiro filho, Dimitri. O oficial de justiça sentiu sintomas fortes da doença, como perda do olfato e do paladar, febre alta, enjoo e falta de apetite. Felipe perdeu cerca de 10 quilos nesse período e teve 40% do pulmão comprometido. Além da doença, a preocupação também era com a esposa Roberta Fortes Carvalho, que estava na fase final da gestação e também foi infectada pelo novo coronavírus.

Para a alegria e alívio da família, no dia 2 de maio, Dimitri nasceu saudável e recebeu todos os cuidados para evitar a transmissão do vírus. “Foi um momento muito difícil, muito angustiante porque é uma doença muito traiçoeira, mas, no final, acabou tudo bem. Ele é um presente, um sinal de mudança para melhor. Fomos agraciados com essa felicidade”, comemora Felipe.

André Celestino e o filho Isaque Abraão. Foto: arquivo pessoal.

Quem também respira aliviado, hoje, é o oficial de justiça, da comarca de Barbalha, André Celestino, que, no final do mês de julho, começou a sentir os sintomas da Covid-19, como dores de garganta e de cabeça, coriza, tosse e falta de ar. “É uma doença bem atípica, não é uma gripe normal, em que os sintomas vão progredindo e depois passa. Os sintomas são alternados. Fora o medo de piorar. Espero que tenha passado e não tenha ficado com sequelas”, diz. Além dele, o filho Isaque Abraão, de um ano e dez meses, também ficou doente. O pequeno teve coriza, tosse, febre baixa e o comprometimento de 20% do pulmão. Passados os dias para recuperação da saúde dos dois, André voltou ao trabalho no dia 17 de agosto.

A oficiala de justiça Camila Amaral, a filha Giulia e o marido Felipe Moreira. Foto: arquivo pessoal.

A família da oficiala de justiça Camila Peixoto, da comarca de Caucaia, também foi infectada pelo novo coronavírus. Ela, o marido, a filha e a mãe tiveram os sintomas da Covid, sendo Camila a que sofreu o quadro mais grave. A oficiala, que teve a confirmação da doença no dia 12 de maio, sentiu fortes dores de garganta e de cabeça, enjoo, falta de ar, alteração do paladar, tontura e calafrios. A família seguiu os protocolos médicos e todos estão bem. “Foi um momento muito apreensivo porque é uma doença nova e há muitas incertezas. Graças a Deus, estamos mais aliviados porque todo mundo se recuperou”, comenta. Após o período de afastamento, Camila voltou ao trabalho, que cumpria, de forma remota, e, mais recentemente, passou a realizar as diligências também presenciais.

Cuidados

A categoria dos oficiais de justiça foi bastante atingida por conta da pandemia do novo coronavírus. Tendo que lidar diretamente com a população durante o cumprimento dos mandados judiciais, os oficiais de justiça precisaram intensificar os cuidados para evitar a disseminação do vírus. Para isso, foram disponibilizados Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), fornecidos, inicialmente, pelo Sindojus, em caráter emergencial, e, posteriormente, pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e pelo Governo do Estado, com a entrega feita pelo sindicato.

Testagem

Até o momento, o TJCE não efetuou os testes para verificar a presença do novo coronavírus entre os oficiais de justiça. No dia 1 de julho, o Sindojus fez um pedido à administração do órgão, mas ainda não foi atendido. A realização dos testes é uma forma eficaz de evitar a propagação do vírus entre os oficiais de justiça e os jurisdicionados.

Atividade de risco

No último dia 12, a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso aprovou a Emenda Constitucional 27/2020, a qual reconhece a categoria dos oficiais de justiça como uma profissão de risco para fins previdenciários. O Sindojus Ceará comemorou a conquista dos colegas mato-grossenses. “De maneira justa e legítima houve o reconhecimento e deverá ser seguido pelos demais estados, pois além do perigo, agora, somos expostos aos riscos sanitários que podem inclusive levar a óbito”, aponta o diretor jurídico da entidade, Carlos Eduardo Mello.

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