Contra as reformas

Oficiais de Justiça do Ceará marcam presença no Ocupa Brasília

Para Luciano Júnior, presidente do Sindojus, a ação repressiva da polícia foi totalmente desproporcional já que estavam ali trabalhadoras e trabalhadores lutando, de forma legítima, pela defesa de seus direitos

25/05/2017
Foto: Glauber Maia

Oficiais e oficialas de Justiça do Ceará marcaram presença, ontem, no Ocupa Brasília – ato que reuniu cerca de 200 mil pessoas contra as reformas da Previdência e Trabalhista, pela destituição de Michel Temer e por Diretas Já. O Estádio Mané Garrincha, ponto de concentração, ficou tomado por uma multidão, vinda de todo canto do país. À tarde, os manifestantes seguiram rumo à Esplanada dos Ministérios. Conforme relato de oficiais e oficialas que estavam em Brasília, o movimento foi pacífico até o momento em que a polícia, para impedir que a massa se aproximasse do Congresso Nacional, reprimiu violentamente a manifestação.

Teve spray de pimenta, gás lacrimogêneo, cavalaria, policiais militares apontando arma de fogo contra a multidão e até a presença das forças armadas nas ruas, transformando a Esplanada dos Ministérios num campo de guerra, em um verdadeiro festival de excessos praticados, sobretudo, por policiais.

Luciano Júnior, presidente do Sindicato dos Oficiais de Justiça do Ceará, considera a ação repressiva da polícia totalmente desproporcional já que estavam ali trabalhadoras e trabalhadores lutando, legitimamente, pela defesa de seus direitos, representados pelas mais diversas categorias. “Foi uma repressão como há muito tempo não se via em Brasília”, disse.

Retirada de direitos

Após receber os cumprimentos do presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, a vice-presidente do Sindicato dos Oficiais de Justiça Ceará, Ranieria Lima, manda o seu recado no Ocupa Brasília.

“Nós temos que brigar por Diretas Já, não podemos ficar em casa. Essa força a gente só vai conseguir quando todos forem às ruas. Estamos ocupando Brasília, mas o país todo tem de ser ocupado. Temos que fazer greves gerais, temos que pedir Diretas Já, o trabalhador não pode sofrer a retirada de seus direitos conquistados a duras penas. Fora Temer e fora corja de corruptos”, disse.

Disse ainda que gostaria que nada disso estivesse acontecendo, que a vida de todos seguisse na normalidade habitual. Porém, a sociedade foi sacudida por um terremoto de ataques à constituição, aos direitos trabalhistas conquistados e, percebeu-se que a normalidade era ilusória, uma fantasia criada por quem atualmente comanda o país.

“O recado foi dado e cada um teve sua participação honrosa. Que Deus nos ajude para que o resultado de tantas batalhas tenha desfecho positivo para todos os brasileiros. O país é de todos, então o justo é que seja para todos”, frisou. Ranieria afirmou que jamais se esquecerá dos momentos vividos em Brasília. “Emocionou-me muito estar ao lado dos colegas que participaram dessa manifestação. Aos que não foram, sei o quanto muitos gostariam de estar conosco e não puderam por diversos motivos. Cada um de nós sentiu a responsabilidade de representá-los e o fizemos com o coração cheio de amor pela missão”, ressaltou.

Mauro Xavier segura bomba de gás lacrimogêneo atirada pelos policiais contra os trabalhadores

Dispersão

Oficiais e oficialas do Ceará permaneceram juntos até o momento em que a polícia jogou bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e spray de pimenta contra a multidão, gerando correria e dispensando a turma. O diretor Mauro Xavier e o oficial Gentil Pereira, do Cariri, ficaram até o final do ato, próximo ao cordão de isolamento, onde presenciaram forte repressão contra os trabalhadores. Quando estavam na Rodoviária, os oficiais Francisco Gonçalves e Ricardo Holanda também viram muitas cenas de agressões praticadas por policiais e, por pouco, não foram vítimas.

Ana Cristina Gonçalves, Felipe Lima, Gentil Pereira, Giulliano Wagner Pereira, Francisco Gonçalves, Larissa Brito, Leonel Maia, Joselini Mendonça, Orsini de Aragão, Marília Costa, Antônio Vieira de Menezes, Ivan Pinheiro, Ricardo Holanda, Silvana Pessoa, Ranieria Gadelha, Luciano Júnior, Glauber Maia e Mauxo Xavier foram os representantes do oficialato cearense no Ocupa Brasília.

Apesar de ter sido massacrado, comenta Glauber Maia, diretor do Sindojus, o grupo aguentou firme até o limite de suas condições físicas. “O Sindojus fez parte dessa história”, salientou.

Direito de manifestação

O Direito de reunião também é um direito fundamental previsto na Carta Magna, artigo 5º, XVI, que dispõe que todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.

É importante destacar que o aviso prévio à autoridade competente não é com o fim de que a manifestação, reunião, passeata seja impedido ou repreendido por força policial, mas tão somente para que seja disponibilizado lugar e policiamento que asseguro o exercício do direito.

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